Comentário versículo por versículo do livro de Isaías: (links, no plano inferior e linkados numericos)
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Este pequeno capítulo, consistind
o de somente 12 versículos, contem, sem dúvidas, a maior profecia do Velho Testamento predizendo a vinda do Messias.[1] Este capítulo foi citado pelos escritores do Novo Testamento mais do que qualquer outro—pelo menos 10 vezes.[2] As citações no Novo Testamento seguem a mesma redação da Septuaginta.[3] Este capítulo também serviu como a fonte de texto para cinco das apresentações musicais de “O Messias” de Handel.
Os capítulos 48 até 54 são citados por completo ou em parte no Livro de Mórmon[4] e são explicados e expostos em detalhes. O capítulo 53 é citado no Livro de Mórmon pelo profeta Abinádi, que testificou sobre a vinda do Senhor Jesus Cristo. O relato do ministério e profecias de Abinádi encontram-se em Mosias capítulos 11 até 17. A citação de Isaías 53 encontra-se em Mosias 14; ele explica as palavras de Isaías em dois capítulos que seguem a citação, confirmando que o servo sofrido descrito neste capítulo é o Messias.[5] As palavras usadas por Abinádi são quase as mesmas da versão da Bíblia de João Ferreira de Almeida. As diferenças, quando mencionadas, estão em itálico neste comentário.
Os doze versículos deste capítulo, juntamente com os versículos 13 até 15 do capítulo 52, englobam os últimos quatro salmos de servo reconhecidos na obra de Isaías.[6] Em um salmo de servo, características de um servo do Senhor são apresentadas em forma de um salmo. Como foi explicado por Isaías nos quatro salmos de servo, Cristo é o melhor exemplo de um servo—fielmente servindo a Seu Pai e obedecendo-Lhe em todas as coisas.[7] Vários profetas, inclusive Isaías,[8] também preencheu os critérios de um servo do Senhor.[9] Outros que mostraram qualidades como as de Cristo como um bom servo, incluem Joseph Smith, o profeta da restauração;[10] os Santos dos Últimos Dias;[11] a casa de Israel quando digna;[12] e possivelmente outros. Neste salmo de servo, Isaías descreve a humilhação e sofrimentos que o Messias passaria ao levar a cabo o sacrifício supremo exigido pela Expiação. Devido ter sofrido pelos nossos pecados e dado Sua vida por nós, Ele provê a ressurreição para cada um de nós e intercede pelos penitentes.
O versículo 1, que consiste de duas frases paralelas, apresenta e, simultaneamente, responde duas perguntas: “Quem deu crédito à nossa pregação? E a quem se manifestou o braço do SENHOR?” Abinádi introduz as citações de Isaías com a frase “Sim, e não diz Isaías”, inserida no começo do versículo 1.[13] Este versículo é como uma equação algébrica: As duas frases são iguais, com o “e” servindo como o sinal de igual. A resposta para a pergunta “Quem deu crédito à nossa pregação?” é “a quem se manifestou o braço do Senhor”. Por outro lado, a resposta para a pergunta “a quem se manifestou o braço do Senhor?” é “quem deu crédito à nossa pregação”. Isto indica uma lei eterna imutável: Se requer a fé antes da revelação; bênçãos espirituais são dadas aos fiéis, cujas mentes e pensamentos já estão alicerçados na crença.[14] As duas frases paralelas são complementares—nem uma frase nem outra fornece o significado completo. A ideia completa só vai ser compreendida quando ambas frases forem refletidas juntas. “Nossa pregação” significa o testemunho de todas os profetas que predisseram a vinda do Messias.[15]
João, no Novo Testamento, cita este versículo:
Vários outros acontecimentos na vida de Jesus Cristo, além deste, foram citados por escritores do Novo Testamento como profecias Messiânicas cumpridas.[17]
Paulo também cita este versículo: “Mas nem todos têm obedecido ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor, quem creu na nossa pregação?”[18] Ambas citações testificam que fé precede às bênçãos, às revelações ou à cura.
Ao aplicar esta passagem aos nossos dias, Bruce R. McConkie ensinou:
O versículo 2 prediz o início da vida de Jesus: “Porque foi subindo como renovo perante ele, e como raiz de uma terra seca; não tinha beleza nem formosura e, olhando nós para ele, não havia boa aparência nele, para que o desejássemos”. O Messias prometido cresceria em humildes condições, sem glória ou majestade; Ele não atrairia a atenção dos seres humanos por causa de Suas circunstâncias sociais. O significado hebraico para “não havia boa aparência nele, para que o desejássemos” é “não era por sua aparência”.[20] A sociedade em que Ele seria criado, negá-lo-ia as honras do mundo. Ele seria criado numa cultura que não tinha a capacidade de nutri-Lo espiritualmente, descrito metaforicamente, aqui, como “terra seca”. Sua força de espirito seria intrínseca, trazida por Ele dos céus—como um tenro renovo emergindo espontaneamente da terra seca.
Abinádi prediz a vinda do Messias, explicando as palavras de Isaías: “… Quisera que compreendêsseis que o próprio Deus descerá entre os filhos dos homens e redimirá seu povo”.[21] O próprio Criador dos céus e da Terra—Ele que falou com os profetas da antiguidade; Ele que dividiu as águas do Mar Vermelho para que os israelitas pudessem atravessar em um caminho seguro de terra seca—Ele próprio viria como Redentor, o Messias prometido.
Lucas, no Novo Testamento, descreve o cumprimento desta profecia:
O versículo 3 descreve a perseguição e humilhação que o Senhor sofreria: “Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens, homem de dores, e experimentado nos trabalhos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum”. Abinádi amplifica: “E assim a carne, tornando-se sujeita ao Espírito, ou o Filho ao Pai, sendo um Deus, sofre tentações e não cede a elas, mas sujeita-se a ser escarnecido e açoitado e expulso e rejeitado por seu povo”.[23]
Apesar de serem o povo do convênio do Senhor, que deveria tê-Lo recebido de braços abertos, os judeus rejeitariam-No, devido estarem em um estado de predominante iniquidade e cegueira espiritual. Jacó, no Livro de Mórmon, explicou:
“Portanto, como vos disse, é necessário que Cristo … venha aos judeus, aos que são a parte mais iníqua do mundo, e eles o crucificarão—pois assim deseja nosso Deus; e nenhuma outra nação na Terra crucificaria seu Deus”.[24]
Howard W. Hunter ensinou:
“Mas Jesus não foi poupado de sofrimento, dor, angústia bofetadas de Satanás. Língua alguma não é capaz de descrever o fardo indizível que carregou, como também não temos o discernimento para entender o Profeta Isaías quando o descreve como ‘homem de dores’”.[25]
O versículo 3—juntamente com Isaías 50:6—foi colocado em música em “O Messias” de Handel, Parte 2 número 23—Área para Alto, “Era Desprezado”.
O versículo 4 prediz: “Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido”. Aqueles que rejeitassem o Senhor durante Seu ministério mortal, pensariam que Ele estava sendo punido ou ferido por Deus.[26] Jacó exclamou:
Cristo tomou sobre Si nossas dores para que pudesse prover as bênçãos da salvação para toda a família humana.
Mateus descreve outra maneira pela qual esta profecia seria cumprida:
Não só Ele tomou sobre Si as dolorosas consequências de nossos pecados, provendo, assim, o meio para o arrependimento e perdão; mas também curou as enfermidades físicas de muitos, através de Seu poder divino, restituindo-lhes a saúde—sua cura física serviu como um símbolo para a purificação espiritual e para a redenção. Ele continua fazendo o mesmo hoje em dia, através de Seus representantes ordenados.
Os versículos 3 e 4 contém um quiasma:
Ao levar a cabo a Expiação, Jesus Cristo seria desprezado e rejeitado. Ele seria um homem de dores, e experimentado nos trabalhos, porque Ele tomou sobre Si nossas dores e sofrimento. Entretanto, Seu povo—que deveria tê-Lo recebido com gratidão, por causa de Sua incomensurável dádiva oferecida à toda humanidade—rejeitá-Lo-ia. O enfoque deste quiasma é “era desprezado, e não fizemos dele caso algum”, em torno do qual a estrutura poética se desenvolve. “Como um de quem os homens escondiam o rosto” complementa “Verdadeiramente ele [tomou sobre si as nossas enfermidades]”. “Experimentado nos trabalhos” corresponde com “tomou sobre si as nossas enfermidades”, explicando que Ele conhecia muito bem nossas enfermidades; “homem de dores,” comparara-se com “as nossas dores levou sobre si”; e “era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens” é complementado por “nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido”.
O versículo 5 explica em mais detalhes: “Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados”. Aqui, Isaías apresenta um paradoxo: Através do castigo imposto a Cristo, recebemos paz; e através de Suas “pisaduras” humilhação física, sofrimento e morte, somos sarados. A comparação—um contraste literário, acentua em nossas mentes tanto a severidade do sofrimento do Senhor ao tomar sobre Si nossos pecados quanto a paz infinita que cada um de nós podemos obter através do arrependimento, possibilitado pelo sofrimento e sacrifício do Senhor.
A palavra “paz” foi traduzida do hebraico shalowm, que também significa “bem-estar” ou “íntegro”.[29] O sacrifício expiatório do Messias sara-nos, fazendo-nos íntegros ou completos.
Pedro, no Novo Testamento, cita o versículo 5: “Levando ele mesmo [Jesus Cristo] em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados”.[30]
Os versículos 4 e 5 foram colocados em música em “O Messias” de Handel, Parte 2 número 24. Refrão, “Verdadeiramente Ele Tomou Sobre Si as Nossas Enfermidades”. Também, o versículo 5 foi colocado em música em “O Messias” de Handel, Parte 2 número 25—Refrão, “E Pelas Suas Feridas Fostes Sarados”.
Lucas descreve os incomparáveis acontecimentos que se passaram na época em que o Senhor tomou sobre Si os pecados da humanidade:
Em Doutrina e Convênios, o Senhor descreve Seu incomensurável sofrimento:
Devido seu sacrifício expiatório, o Senhor pode permitir com que a Sua misericórdia satisfaça as demandas da justiça. Justiça é a lei imutável que faz com que cada ação tenha as suas consequências.[34] Devido à lei da justiça, recebemos as bênçãos quando obedecemos os mandamentos de Deus.[35] A justiça também demanda que a pena seja paga para todos os pecados cometidos, requerendo que nenhuma coisa impura seja permitida a habitar com Deus.[36] Quando o Salvador levou a cabo a Expiação, Ele tomou sobre Si nossos pecados. Ele foi capaz de “cumprir … todos os requisitos da lei”[37] porque subjugou-se às penas exigidas pela lei para os nossos pecados. Assim, Ele “satisfez as exigências da justiça” e estendeu a misericórdia a todos os que se arrependerem e seguirem ao Senhor.[38] Porque Ele pagou o preço de nossos pecados, não teremos que sofrer a punição, se nos arrependermos.[39]
A misericórdia é concedida à cada um de nós quando Deus nos perdoa de nossos pecados.[40] Tal compaixão pode parecer estar em conflito com a lei da justiça que não permite que qualquer coisa imunda habite com Deus. Mas a Expiação de Jesus Cristo tornou possível a Deus “ser um Deus perfeito, justo e também um Deus misericordioso”.[41] O Salvador satisfez os requisitos da justiça quando tomou nosso lugar e sofreu a pena de nossos pecados. Por causa deste ato altruísta, o Pai pode ser misericordioso removendo a punição e recebendo-nos em Sua presença. A fim de receber o perdão do Senhor, devemos nos arrepender de nossos pecados, sinceramente. Como ensinou o profeta Alma, “a justiça exerce todos os seus direitos e a misericórdia também reclama tudo quanto lhe pertence; e assim ninguém, a não ser o verdadeiro penitente, é salvo”.[42]
O versículo 6 descreve o estado decadente e pecador da humanidade: “Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos”. Abinádi, no Livro de Mórmon, apresenta “… as iniquidades de todos nós”.[43] “Cada um se desviava pelo seu caminho” significa que eles saíram do caminho estreito e apertado do Senhor; abandonaram o conhecimento do Plano de Salvação.[44] O Senhor Jesus Cristo—o mesmo que era conhecido como Jeová no Velho Testamento—tomou sobre Si os pecados de toda humanidade. Mateus, no Novo Testamento, cita esta passagem como tendo sido cumprida através do sofrimento de Cristo no Getsêmani e sobre a cruz.[45]
O Senhor, em escrituras modernas, usou palavras semelhantes para descrever a iniquidade da humanidade nos últimos dias:
“Não buscam o Senhor para estabelecer sua justiça, mas todo homem anda em seu próprio caminho e segundo a imagem de seu próprio deus, cuja imagem é à semelhança do mundo e cuja substância é a de um ídolo que envelhece e perecerá em Babilônia, sim, Babilônia, a grande, que cairá” (ênfases adicionadas).[46]
O versículo 6 abrange o texto de “O Messias” de Handel, Parte 2 número 26—Refrão, “Todos Nós Andávamos Desgarrados como Ovelhas”.
O versículo 7 descreve acontecimentos que precederam a crucificação do Senhor: “Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca”. Abinádi testifica: “E depois de tudo isso, após haver realizado grandes milagres entre os filhos dos homens, será conduzido, sim, segundo disse Isaías: Como a ovelha permanece muda perante seus tosquiadores, também ele não abriu a boca”.[47]
Néfi usou, frequentemente, o título “o Cordeiro de Deus” ao referir-se a Jesus Cristo. Quarenta e quatro referências ao “Cordeiro” aparecem na visão de Néfi registrada em 1 Néfi 11‑14. O uso deste título deve ter sido baseado no de Isaías, encontrado aqui no versículo 7.[48] Este título refere-se ao sacrifício infinito que seria oferecido por Jesus Cristo ao dar Sua própria vida, simbolizado sob a Lei de Moisés pelo cordeiro expiatório cerimonial.[49]
Lucas, no Novo Testamento, descreve o cumprimento desta profecia:
Os versículos 6 e 7 contêm um quiasma:
Neste quiasma o sacrifício do Senhor Jesus Cristo é comparado ao do cordeiro expiatório sob a Lei de Moisés, o qual representava o sofrimento, crucificação e morte do Redentor. “O Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos” complementa “como um cordeiro foi levado ao matadouro”.
O versículo 7 contém um quiasma distinto:[51]
O Senhor recusaria a responder às perguntas de Herodes, que tinha o poder para poupar Sua vida ou condená-Lo à morte. “Mas não abriu a sua boca” é equivale à frase “assim ele não abriu a sua boca”. “Como um cordeiro foi levado ao matadouro” é equivalente à “como a ovelha muda perante os seus tosquiadores”, atestando que o sofrimento e morte de Cristo—o sacrifício culminante sob a Lei de Moisés—foram tipificados pelo cordeiro expiatório cerimonial.
O versículo 8 prediz a morte de Cristo: “Da opressão e do juízo foi tirado; e quem contará o tempo da sua vida? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; pela transgressão do meu povo ele foi atingido”. O Livro de Mórmon apresenta: “Da prisão e do julgamento foi tirado; e quem declarará sua geração? Porque foi arrancado da terra dos viventes; pelas transgressões de meu povo foi ferido”.[52] A versão SUD da Bíblia de King James em inglês também usa o termo “prisão”, juntamente com várias outras traduções modernas da Bíblia.[53] Entretanto, não há nenhum registro no Novo Testamento de Jesus tendo sido colocado em uma prisão, apesar de haver sido levado à força, detido e açoitado; instalações para açoites e outras formas de torturas eram parte das prisões antigas. “Juízo”, aqui, implica “equidade”; as ações dos judeus foram completamente injustas e ilegais.[54] “Quem declarará sua geração?” afirma a origem divina de Jesus—literalmente, o Filho unigênito do Pai.[55]
Abinádi explica as significâncias doutrinais em detalhes:
Lucas, no Novo Testamento, registrou a crucificação e morte de Jesus:
O versículo 8 foi colocado em música em “O Messias” de Handel, Parte 2 número 31—Recitativo para Tenor, “Foi Cortado da Terra Dos Viventes”.
Os versículos 7 e 8 são citados em Atos:
Note que nesta apresentação do versículo 8 a palavra “humilhação” toma o lugar de “prisão”, seguindo a redação da Septuaginta.
O versículo 9 prediz o sepultamento de Cristo: “E puseram a sua sepultura com os ímpios, e com o rico na sua morte; ainda que nunca cometeu injustiça, nem houve engano na sua boca”. O Livro de Mórmon apresenta “… porquanto nunca fez mal ….”.[59] Sua associação com os ímpios na morte refere-se aos dois ladrões com quem ele foi crucificado,[60] e foi num sepulcro emprestado por um homem rico, José de Arimatéia, onde Ele foi sepultado.[61] A declaração de Isaías de que Ele nunca havia cometido injustiça e que nunca fez mal testifica ao estado inocente, sem pecados, de Jesus.
O Apóstolo Pedro citou o versículo 9:
Os versículos 8 e 9 contêm um quiasma:
As declarações contrastantes deste quiasma testificam da inocência de Cristo e da injustiça do julgamento e sentença infligidas sobre Ele. “Da opressão e da prisão foi tirado” contrasta-se com “nem houve engano na sua boca”; e “pela transgressão do meu povo ele foi atingido” é antitético à frase “ainda que nunca cometeu injustiça”.
O versículo 10 descreve as grandes bênçãos e exaltação a serem dadas por Deus, o Pai ao Senhor Jesus Cristo por causa de Seu desejo de sofrer e morrer por nossos pecados: “Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando a sua alma se puser por Expiação do pecado, verá a sua posteridade, prolongará os seus dias; e o bom prazer do Senhor prosperará na sua mão”. O Livro de Mórmon apresenta: “Todavia ao Senhor agradou feri-lo; fê-lo sofrer …”.[63] O Senhor sendo restaurado depois de ter sido ferido, os Seus dias sendo prolongados e Ele vendo a Sua posteridade são alusões à Sua gloriosa ressurreição, “as primícias dos que dormem”.[64]
Deus, o Pai não teve nenhum prazer em testemunhar o sofrimento de Seu Filho Amado. Mas comprazia-Se pela obediência inabalável de Seu Filho de realizar a Expiação, para a salvação de toda a humanidade, desde que se arrependessem.
O uso do termo “o Senhor”—traduzido do hebraico Yahovah[65] ou YHWH, significa “Jeová”—neste versículo pode parecer um problema.O propósito de Isaías, portanto, é o de apresentar a ideia ambiguamente, de uma forma que poderia somente ser entendida através da influência do Espírito.[66] Em um capítulo anterior, Isaías usou “Jeová”, enquanto que o Senhor ressuscitado, ao citar o mesmo versículo aos nefitas, usou “o Pai”.[67] O uso do termo “Jeová” por Isaías não é contraditório devido ao fato que o Senhor Jesus Cristo, que é Jeová do Velho Testamento, testificou durante Seu ministério mortal que tudo que Ele fez foi em cumprimento aos mandamentos dados a Ele pelo Pai.[68] Tudo que Deus, o Pai, e Seu Filho Jesus Cristo fazem é em completa união de propósito.[69]
Abinádi explica:
Devido a Seu sacrifício redentor, o Senhor Jesus Cristo torna-se o Pai espiritual dos que se beneficiarem com o Seu sacrifício—ou o Pai de sua salvação. Isto é consistente com e fornece uma explicação para a declaração feita anteriormente por Isaías: “… e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (ênfases adicionadas).[71]
Bruce R. McConkie testifica:
“E agora, quanto à Expiação perfeita realizada pelo derramamento do sangue de Deus, eu testifico que se consumou no Getsêmani e no Gólgota; e quanto a Jesus Cristo, testifico que é o Filho do Deus Vivo, que foi crucificado pelos pecados do mundo. Ele é nosso Senhor, nosso Deus e nosso Rei. Isto sei por mim mesmo, independentemente de qualquer outra pessoa. Sou uma de suas testemunhas, e num dia que se aproxima, apalparei as marcas dos cravos em suas mãos e pés, e hei de derramar lágrimas sobre seus pés. Mas não terei mais certeza do que tenho agora de que ele é o Filho do Deus Todo-Poderoso, o Salvador e Redentor, e que a salvação vem pelo seu sangue expiatório, e de nenhuma outra forma”.[72]
No versículo 11, Deus, o Pai, fala a respeito de Seu Filho: “Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos; porque as iniquidades deles levará sobre si”. O Pai refere-se ao Seu Filho como “o meu servo, o justo”, porque Jesus serviu-Lhe fiel e obedientemente.[73] Aqui, o Pai declara Sua satisfação com a Expiação, a ser realizada através do sofrimento e morte do Senhor Jesus Cristo.
No versículo 12, o Pai promete grandes bênçãos a Seu filho, Jesus Cristo: “Por isso lhe darei a parte de muitos, e com os poderosos repartirá ele o despojo; porquanto derramou a sua alma na morte, e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e intercedeu pelos transgressores”. O Livro de Mórmon apresenta “… tomou sobre si os pecados de muitos …”.[74] Deus, o Pai, torna o Seu Filho, Jesus Cristo, herdeiro de tudo o que Ele possui.[75] Ele sendo contado com os transgressores ocorreu quando foi crucificado entre dois ladrões, e Ele levando sobre Si o pecado de muitos e intercedendo pelos transgressores descreve Seu sacrifício expiatório, que torna a salvação possível.
Marcos declarou o cumprimento da profecia do versículo 12: “E crucificaram com ele dois salteadores, um à sua direita, e outro à esquerda. E cumprindo-se a escritura que diz: E com os malfeitores foi contado” (ênfases adicionadas).[76]
Em Doutrina e Convênios, Joseph Smith presta testemunho do evangelho:
Os versículos 10 até 12 contêm um quiasma:
Neste quiasma os significados escondidos são esclarecidos ao fazer-se o emparelhamento de frases. “Todavia, ao Senhor agradou moê-lo” complementa “… porquanto derramou a sua alma na morte, e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e intercedeu pelos transgressores”. “Fê-lo sofrer” compara-se com “as iniquidades deles levará sobre si”; e “quando a sua alma se puser por Expiação do pecado” complementa “com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos”. A Expiação—que foi realizada através do sofrimento e morte do Redentor—possibilita a humanidade a ser purificada dos pecados por meio da intercessão de Cristo.
Abinádi sumariza, eloquentemente, adicionando seu testemunho pessoal depois de citar por complete o capítulo 53 de Isaías ao iníquo rei Noé e sua corte:
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